Curiosidades sobre o JSON: o “idioma” dos sistemas modernos dos cartórios

Você já ouviu falar em JSON? Esse nome curioso vem do inglês JavaScript Object Notation, e apesar de parecer algo “de programador”, o JSON está cada vez mais presente no dia a dia dos cartórios — especialmente na hora de enviar informações para órgãos públicos e integrações com sistemas centrais, como a CENSEC, CRC Nacional, CTP e DOI. O artigo a seguir, irá contar um pouco sobre esse padrão de dados e suas curiosidades. Acompanha a seguir!

Mas afinal, o que é JSON?

No universo das APIs, que conectam uma grande diversidade de sistemas gerenciais de informação, é fundamental estabelecer um padrão de comunicação de dados entre plataformas diferentes. Mas você já parou para pensar como os arquivos são trocados entre sistemas variados? Isso acontece justamente por meio desses padrões de dados.

Um dos mais populares — e queridinho entre os desenvolvedores — é o JSON (JavaScript Object Notation), um formato leve e padronizado de troca de informações, essencial para a integração entre sistemas na era digital.

Em vez de enviar uma planilha pesada ou um arquivo difícil de interpretar, o JSON organiza os dados em pares de “chave e valor” (ou “nome e valor”), como se fosse uma caixinha de informações com etiquetas bem definidas.

Exemplo Prático (Registro de Escritura):

{

  “tipo_ato”: “Compra e Venda”,

  “data”: “2025-10-20”,

  “vendedor”: “Nome e sobrenome”,

  “comprador”: “Nome e sobrenome”,

  “valor”: 350000,

  “imovel”: {

    “endereco”: “Rua das Jabuticabas Floridas, 123”,

    “municipio”: “Belo Horizonte”,

    “uf”: “MG”

  }

}

Repare que o formato é fácil de entender até para quem não é técnico. Cada campo tem uma etiqueta clara (como “vendedor”, “valor”, “imóvel”), o que torna o arquivo organizado e compatível com qualquer sistema de informação.

Por que o JSON se tornou tão popular?

O JSON é simples, rápido de processar e pode ser lido por praticamente qualquer linguagem de programação. No contexto dos cartórios, essa padronização tem sido essencial para integrar sistemas diferentes – dos tabelionatos, dos órgãos públicos e das centrais eletrônicas.

Entre os principais motivos de seu sucesso estão:

  • Leve e Rápido: Ocupa pouco espaço, o que permite que os dados sejam transmitidos rapidamente pela internet.
  • Padronizado: O mesmo formato pode ser lido em qualquer sistema, eliminando a necessidade de conversão complexa.
  • Transparente: O conteúdo é legível, estruturado e facilmente auditável.
  • Segurança e Confiabilidade: Sua estrutura clara garante que os dados cheguem ao destino sem erros de interpretação.

Veja alguns exemplos práticos:

  • CTP – Comunicação de Transações às Prefeituras (CENSEC): Quando o cartório envia à prefeitura as informações de compra e venda de imóveis, o arquivo gerado pelo sistema (por exemplo, o ACSIV) é tipicamente em formato JSON. Esse arquivo contém todos os dados do ato, das partes envolvidas e do imóvel, e é transmitido à plataforma através da importação.
  • DOI – Declaração de Operações Imobiliárias: O mesmo formato também é frequentemente utilizado na Declaração de Operações Imobiliárias (DOI), que é enviada à Receita Federal, garantindo a consistência das informações reportadas.
  • CRC Nacional – Central de Registro Civil: Na Central de Registro Civil Nacional (CRC), o JSON é crucial para a comunicação de nascimentos, casamentos e óbitos entre os cartórios e o sistema central. Cada ato é representado por um bloco de informações JSON, facilitando a consulta, o envio e a validação eletrônica em tempo real.

Curiosidades que poucos sabem!

  • Ele foi criado em 2001, mas só começou a dominar o mundo digital após 2010, quando os sistemas começaram a “conversar” uns com os outros via APIs (interfaces de integração).
  • Um único arquivo JSON pode conter centenas de atos, tornando o processo de envio muito mais eficiente que o antigo método manual.
  • Comparado com XML, o JSON é o padrão moderno de internet porque sua sintaxe de chave/valor é muito mais compacta que a estrutura de tags do XML, resultando em arquivos menores e transmissão de dados mais rápida.

Em suma, esse padrão de representação de dados é preferido hoje por ser mais leve e mais rápido, sendo o padrão para a troca de dados na maioria das aplicações web e APIs modernas, incluindo as do setor notarial e registral.

Escrito por: Lourença Maria