Quando Dom Pedro I proclamou a independência do Brasil, em 1822, nascia não apenas um novo país, mas também a necessidade de construir uma identidade própria. Esse processo não foi apenas simbólico: ele se refletiu diretamente na forma como o Estado passou a registrar e reconhecer cada cidadão. A trajetória que vai dos primeiros registros de batismo e nascimento até o atual Registro Geral (RG) revela muito sobre a história da cidadania no Brasil.
Primeiros registros no Brasil: Igreja e cartórios como guardiões da identidade
Antes da independência, os registros de identidade eram feitos principalmente pela Igreja Católica, em livros de batismo, casamento e óbito. Esses documentos funcionavam como a “certidão de identidade” da época.
Com a independência, o Estado brasileiro começou a assumir essa função. O marco mais importante ocorreu em 1874, com a criação do Registro Civil de Pessoas Naturais, que oficializou os registros de nascimentos, casamentos e óbitos fora da esfera religiosa. Essa mudança representava um país que buscava se organizar e fortalecer seus vínculos com os cidadãos.
O nascimento da carteira de identidade no Brasil
Com a Proclamação da República, em 1889, surgiu uma demanda ainda maior por formas de identificação individual. No início do século XX, começaram a ser emitidas as primeiras carteiras de identidade, contendo foto e informações básicas.
O passo definitivo veio em 1938, com a criação do Registro Geral (RG). Pela primeira vez, o Estado reconhecia oficialmente cada cidadão como único, com direitos e deveres perante a sociedade.
O RG como símbolo da cidadania brasileira
Ao longo do século XX, o RG se consolidou como o principal documento de identificação no Brasil. Ele permitiu organizar eleições, controlar serviços públicos e ampliar a cidadania. Ter um RG significava, acima de tudo, ser reconhecido como parte integrante da nação.
Mais recentemente, a evolução chegou à Carteira de Identidade Nacional (CIN), documento moderno e unificado que incorpora tecnologia para garantir segurança contra fraudes e integração digital.
E hoje, além dos órgãos tradicionais de identificação, os cartórios de registro civil também passaram a oferecer o serviço de emissão da nova identidade. Essa medida aproxima ainda mais o cidadão do documento, já que os cartórios estão presentes em praticamente todos os municípios brasileiros, oferecendo praticidade e ampliando o acesso à documentação oficial.
Da independência à cidadania digital: um mesmo caminho
A frase “Independência ou Morte!” ecoou como o marco da liberdade de um povo. Mas a verdadeira independência só se consolidou quando cada brasileiro passou a ter sua identidade reconhecida oficialmente.
A história dos documentos de identificação no Brasil mostra como o país evoluiu de registros feitos pela Igreja para um sistema moderno e digital, refletindo a própria construção da cidadania. Do batismo ao RG, do grito do Ipiranga à CIN, e agora com os cartórios também atuando na emissão de identidades, a trajetória da identidade de cada brasileiro é, também, a identidade de uma nação.
Escrito por: Isabella Flores